Impactos da escassez de contêiners refrigerados no Brasil
24 Mai 2021
Texto escrito em Português do Brasil
Escassez do equipamento aumenta em até cinco vezes frete marítimo de perecíveis na rota Brasil-Europa, retendo margens dos exportadores.
A queda na oferta de contêineres refrigerados intensificada nas últimas duas semanas pela pandemia, pelo câmbio e pelo encalhe do Ever Given fez o preço de frutas, verduras e legumes brasileiros disparar na Europa, aponta Big Data da Rangel Logística.
A situação tem afetado inclusive os exportadores de frutas e legumes da Europa, que abastecem o Brasil num fluxo de safra e contrassafra, responsável por assegurar o acesso de alimentos nos quais nenhuma das regiões é autossuficiente. Se de um lado o aumento no custo logístico limitou a competitividade do produto brasileiro, por outro, a desvalorização recorde do real perante o euro está perto de inviabilizar alimentos da Europa por aqui.
O diagnóstico foi feito por um sistema que a Rangel desenvolveu como ferramenta de tomada de decisão para clientes que compram perecíveis de diferentes países. "Identificamos uma situação realmente atípica”, diz Enrique Garcia, diretor de desenvolvimento de negócios, que atua na rota Brasil-Europa há mais de 40 anos. "E tivemos a oportunidade de avisar nossos clientes antes para reverem suas programações”.
O executivo explica que a falta do equipamento e a consequente alta no preço foi ocasionada pela combinação de fatores inéditos, como vacinação desigual no mundo, desvalorização recorde do real e o recente fechamento do Canal de Suez. A disparidade da imunização contra covid no mundo produziu um cenário em que países com vacinação adiantada, como Estados Unidos, China e Europa, já vislumbrem a retomada total da produção e da demanda. Na via oposta, as economias exportadoras que ainda enfrentam limitações na atividade econômica por causa das baixas taxas de cobertura vacinal, que é o caso do Brasil, não têm conseguido atender a demanda.
A falta de contêineres frios fez operadores logísticos buscarem alternativas para garantir o acesso ao equipamento. A Rangel reservou os contêineres que encontrou na Europa, passando a transportar neles carga seca para o Brasil com a refrigeração desligada. A empresa também fechou acordos com empresas de navegação para garantir o uso deles na volta para a Europa, evitando que fossem absorvidos no embarque de carnes do Brasil, que movimenta 12 vezes mais volumes em relação ao de frutas.
Garcia também já antecipou reservas de contêineres para as safras de uva na Itália, de cebola no Mediterrâneo e de kiwi na Nova Zelândia. "Vamos garantir que os produtos cheguem ao Brasil em boas condições”, diz.
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