Transporte em Temperatura Controlada: Especificidades a ter em consideração

Transporte temperatura controlada: especificidades 1

As mercadorias sensíveis às condições climatéricas — como, por exemplo, alimentos, produtos farmacêuticos, flores ou bebidas — requerem soluções específicas de transporte em temperatura controlada. Afinal, estes artigos carecem de um conjunto amplo de cuidados especiais ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Assim, das estratégias de armazenamento ao manuseamento destes produtos, importa equacionar, neste tipo de transporte, um conjunto diversificado de especificidades. Fique a conhecê-las, detalhadamente, neste artigo.

O que é o transporte em temperatura controlada?

Este tipo de transporte pode definir-se como o processo que garante a movimentação de produtos e materiais sensíveis, respeitando uma amplitude específica de temperaturas. A título de exemplo, trata-se, portanto, de uma variável central no âmbito da logística de perecíveis ou da manutenção de uma cadeia de frio.

Assegurar as exigências do transporte em temperatura controlada é, pois, fundamental para:

  • Qualidade e eficácia — alguns produtos, como medicamentos, vacinas, alimentos perecíveis e produtos químicos, têm uma vida útil limitada. Podem, assim, perder a eficácia, as condições de segurança ou os seus padrões de qualidade se não forem mantidos a uma temperatura adequada às suas características;
  • Segurança dos consumidores — ao assegurar a integridade da mercadoria aquando do seu transporte, os operadores garantem que a sua utilização ou o seu consumo pode realizar-se nas condições devidas. Trata-se de um cuidado vital no caso de produtos farmacêuticos e vacinas, por exemplo;
  • Conformidade com as regulamentações e normas em vigor — muitas indústrias pautam a sua atividade por um escrupuloso quadro normativo, que exige a reunião de um conjunto de condições específicas para o transporte de produtos sensíveis.

Transporte em temperatura controlada por via aérea, marítima e terrestre

O transporte de mercadorias sensíveis à temperatura exige, então, um controlo rigoroso, de modo que se garanta a sua integridade e eficácia. Cada modalidade de transporte — aéreo, marítimo e terrestre — apresenta características específicas para responder a estes requisitos. Vale a pena, portanto, atentar nas especificidades de cada uma delas:

Transporte aéreo

Constitui, decerto, uma das formas mais rápidas e seguras para a entrega de mercadorias sensíveis que necessitam de um controlo da temperatura meticuloso. Este método reduz os tempos de trânsito, minimizando assim o risco de deterioração dos produtos. É um serviço altamente especializado e inclui a utilização de viaturas equipadas com sistema de controlo de temperatura para assegurar as entregas e recolhas no aeroporto.

No transporte em temperatura controlada por via aérea, é essencial usar sistemas de acondicionamento isotérmico:

  • Sistemas ativos: contentores refrigerados que mantêm a temperatura constante durante o voo;
  • Sistemas passivos: embalagens com gelo seco, que ajudam a preservar os produtos mesmo que o sistema de refrigeração não esteja ativo.

Transporte marítimo

O transporte marítimo de mercadorias sensíveis exige um controlo rigoroso e minucioso, de modo que não se interrompa, em momento algum, a cadeia de frio. Para isso, são utilizados contentores refrigerados, devidamente projetados para manter a temperatura ideal durante as longas viagens por mar. Contam, portanto, com sistemas de refrigeração que asseguram a temperatura correta, independentemente das condições externas.

Além da escolha adequada dos contentores, o processo de contentorização, assim como os procedimentos de entrega e recolha nos portos marítimos, constituem fatores críticos. É, por isso, fundamental contar com profissionais especializados no manuseio de mercadoria sensível para garantir a implementação de todos os cuidados aquando do carregamento e descarregamento.

Transporte terrestre

O transporte em temperatura controlada por via terrestre recorre, igualmente, a viaturas equipadas com sistemas avançados de controlo de temperatura para garantir a manutenção das condições ideais durante todo o percurso. Estes veículos são projetados, então, para manter condições térmicas constantes, independentemente do contexto climatérico.

Especificidades do transporte em temperatura controlada

Este tipo de transporte engloba, sem dúvida, um conjunto vasto de cuidados, práticas e tecnologias, devidamente articuladas com o desiderato de manter a estabilidade da temperatura aquando da movimentação das mercadorias.

1. Regulamentações específicas

O transporte em temperatura controlada de vacinas e produtos farmacêuticos, por exemplo, deve obedecer aos critérios definidos internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Aspetos como o armazenamento, o manuseamento dos produtos, a embalagem e as características do veículo têm, neste quadro, de fazer parte da lista de verificação e do planeamento logístico.

Por sua vez, no que concerne à alimentação, o transporte em temperatura controlada deve seguir oAcordo ATP (Acordo relativo a Transportes Internacionais de Produtos Alimentares Perecíveis e aos Equipamentos Especializados a utilizar nestes Transportes). Consiste, então, num tratado internacional, estabelecido pelas Nações Unidas, que define normas técnicas para o transporte seguro de perecíveis.

2. Sensibilidade da mercadoria

Identificar necessidades críticas da mercadoria é, igualmente, fundamental para garantir a eficiência e a rentabilidade deste tipo de operação logística.

Importa sublinhar, portanto, que nem todos os produtos perecíveis apresentam as mesmas necessidades no que diz respeito à estabilidade da temperatura, à celeridade da entrega ou aos requisitos de segurança. Por conseguinte, importa atentar nas temperaturas adequadas para cada item, evitando eventuais danos causados pela refrigeração excessiva e pelo congelamento, pelo desenvolvimento de microrganismos ou pela desidratação, a título ilustrativo.

No transporte em temperatura controlada, deve ter-se em consideração três grandes categorias (que espelham necessidades diferentes), a saber:

  • Temperatura controlada ambiente: para produtos que necessitam de ser conservados entre os 15 °C e os 25 °C. Integram-se aqui, por exemplo, flores, frutas, legumes e a maioria dos medicamentos;
  • Baixas temperaturas: para produtos que necessitam de ser conservados entre os 2 °C e os 8 °C, englobando medicamentos mais valiosos, como as vacinas, ou produtos lácteos, carne e peixe fresco;
  • Congelação: para produtos congelados e ultracongelados, que necessitam de ser conservados abaixo dos 0 °C.

3. Limitações do veículo e das condições de armazenagem

Os camiões refrigerados para transporte em temperatura controlada apresentam capacidades diferentes dos camiões tradicionais de mercadorias. Afinal, a camada extra de isolamento na câmara frigorífica reduz o espaço disponível para carga e o peso adicional do equipamento de controlo de temperatura afeta a capacidade de carga útil.

Por isso, é essencial verificar antecipadamente, com o operador logístico, os limites de dimensão e peso das mercadorias.

Além disso, para produtos altamente sensíveis a variações de temperatura, que requerem critérios muito específicos de manuseamento e armazenamento, é crucial garantir a disponibilidade de armazéns com condições de refrigeração. Lembre-se: todos os procedimentos de transbordo ou reacondicionamento devem ser devidamente equacionados, para não comprometer a qualidade dos produtos.

4. Características da embalagem

A adequação da embalagem representa um papel decisivo durante o transporte em temperatura controlada. Deve-se, assim, optar por embalagens isolantes, que impeçam ou reduzam a transferência de calor.

Entre os materiais mais recomendados para este tipo de embalagens estão a espuma de poliestireno expandido (EPS), a espuma rígida de poliuretano e os materiais reflexivos, como filmes de barreira radiante. Os refrigerantes de gel e o gelo seco também são recomendados para produtos que necessitem de transporte a temperaturas negativas, apresentando-se como uma boa alternativa ao gelo tradicional, que é mais pesado e acarreta o risco de derreter mais facilmente.

No caso do transporte em temperatura controlada de produtos congelados, é igualmente aconselhável a colocação de material absorvente (almofadas, revestimento de celulose ou toalhas de papel) no fundo das embalagens. Desse modo, garante-se a absorção de líquidos que possam, eventualmente, vazar.

5. Controlo e monitorização da temperatura

Para preservar a integridade de produtos sensíveis durante o transporte em temperatura controlada, é fundamental evitar variações que comprometam a cadeia de frio. Nesse sentido, é crucial recorrer a sistemas ativos — como unidades de refrigeração que ajustam a temperatura conforme necessário — ou a sistemas passivos — que utilizam materiais isolantes e refrigerantes para estabilizar as condições internas dos veículos e contentores.

Pois bem, a monitorização da temperatura envolve a vigilância contínua das condições térmicas durante o transporte, utilizando para o efeito dispositivos como data loggers, que registam e armazenam dados em tempo real. Esta tecnologia, devidamente integrada nos veículos e contentores, permite a emissão automática de alertas em caso de desvios nos parâmetros estipulados.

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O transporte em temperatura controlada é, pois, um processo bastante complexo, que requer equipamentos adequados, know-how e experiência nesta área. Afinal, o rigor e a adequação das medidas adotadas neste âmbito podem ser fulcrais para preservar a integridade dos produtos, a satisfação dos consumidores e, claro está, o capital reputacional das empresas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
World Health Organization. “Temperature-controlled transport operations by road and by air”. Acedido a 16 de julho de 2024.
Freight Quote. “Temperature-Controlled Transportation”. Acedido a 16 de julho de 2024.
The Geography of Transport Systems. “The Cold Chain and its Logistics”. Acedido a 16 de julho de 2024.
MSC. “Cold Chain Logistics for Temperature Sensitive Products”. Acedido a 16 de julho de 2024.
Fortune Business Insights. “Cold Chain Logistics Market Size, Share & Industry Analysis, By Type (Refrigerated Warehouses, Refrigerated Transportation), By Application (Fruits & Vegetables, Fish, Meat, and Seafood, Dairy & Frozen Desserts, Bakery & confectionery, Processed Food, Pharmaceuticals, Others) and Regional Forecasts, 2024-2032”. Acedido a 16 de julho de 2024.

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