Rangel Talks: Miguel Matuto, Diretor de Procurement e Logística da Socinter

Entrevista a Miguel Matuto, Diretor de Logística da Socinter

Trabalhamos numa lógica de logística integrada com o mesmo player, o que é uma grande vantagem. Poupa-nos muito tempo e trabalho. É uma forma muito fácil de resolver todos os desafios quer na exportação, como na importação dos nossos produtos.

MIGUEL MATUTO

A Socinter é uma empresa angolana de distribuição de medicamentos e materiais médicos para farmácias, hospitais e clínicas, operando em Angola há mais de 30 anos. Com cerca de 500 clientes espalhados pelo país, importa todos os produtos que distribui através de um processo de logística integrada assegurado pela Rangel. Ou seja, num trabalho que envolve a Rangel em Portugal – responsável pela exportação – e a Rangel em Angola – que assume os procedimentos de importação em território angolano –, o transporte fica garantido desde o fornecedor em Portugal até à entrega no armazém da Socinter em Angola. A grande vantagem é ter, de facto, o mesmo operador logístico a tratar das duas fases do processo: exportação e importação.

“Tudo tem corrido da melhor forma”, afirma Miguel Matuto, Diretor de Procurement e Logística da Socinter. Explica que, quando há um problema, é garantido que a Rangel resolve, concluindo que a “parceria tem sido boa em todas as esferas”.

Quem é e o que faz a Socinter?

A Socinter é uma empresa de direito angolano que se dedica à importação e distribuição de medicamentos e materiais médicos para farmácias, hospitais e clínicas espalhadas pelo país. Uma vez que todos os produtos têm de vir com a bula em português, estes bens são maioritariamente provenientes de Portugal, cerca de 90%, sendo os restantes de outros países da Europa.

Tentamos ter a maior diversidade de produtos para que haja hipótese de escolha, embora sempre limitados com a questão dos pagamentos e de todo o tempo que, por vezes, os processos demoram. Mas a Socinter vai-se adaptando, tentando fazer sempre o melhor em termos de acompanhamento dos seus clientes.

Quais são os principais desafios logísticos de uma empresa como a Socinter?

Aqui, em Angola, são vários os desafios. A parte da distribuição é muito complicada. Pela distância, os custos são muito elevados, os transportes são caros, as estradas não estão em condições. Por outro lado, se optarmos pela via aérea para chegar às várias províncias, os custos tornam-se muito elevados.

São condições que penalizam a Socinter e os cerca de 200 importadores e distribuidores presentes em Angola, aproximadamente 80% dos quais estão localizados na área de Luanda. Devido à dificuldade de divisas, de falta de pagamentos, todos nós sofremos do mesmo problema. As empresas compensam as falhas umas das outras, mas as dificuldades são generalizadas.

Entre todas as empresas acaba por haver um equilíbrio, pois tanto podemos ter stocks de produtos, como de uma semana para a outra estes escoarem facilmente porque o mercado entrou em falta. É muito difícil de prever. Em função da quantidade de distribuidores que existe, nunca é um mercado que esteja totalmente abastecido. Há sempre muitas falhas.

O mercado é abastecido sobretudo por fabricantes portuguesas e europeias?

Se falarmos nestes 200 distribuidores, provavelmente 150 são importadores da China e da Índia. Na relação entre Angola e Portugal, há dificuldade de enquadramento entre as áreas farmacêuticas dos dois países para assegurar um fornecimento que melhor sirva Angola.

Da parte dos laboratórios, não há uma grande vontade de ver o território angolano como um cliente ou um parceiro. Isso acarreta alguns problemas, porque abre as portas à importação da China e da Índia, onde os preços são substancialmente mais baixos. A Socinter está com uma certa dificuldade em impor os seus produtos, não pela qualidade, mas pelo preço. Como a economia está muito paralisada, é evidente que o preço conta bastante.

Nestas circunstâncias, é difícil gerir stocks?

É sempre difícil. Todos os produtos que existem na Europa existem na Índia ou na China. Assim, se chegam aqui com um preço muito mais barato, para a Socinter é muito mais difícil colocar os nossos produtos. Afinal, são produtos com os mesmos princípios ativos. 

Qual a importância da parceria entre a Socinter e a Rangel?

A Rangel movimenta tudo aquilo que importamos. Mesmo os produtos provenientes de outros pontos da Europa chegam à Socinter, em Angola, através da Rangel. Temos trabalhado bem, de forma harmoniosa, sendo a Rangel o nosso transitário tanto em Portugal como em Angola.

O processo de exportação em Portugal é feito em consonância com os nossos fornecedores e com a Rangel. A Rangel recolhe os produtos junto dos fornecedores – os grandes laboratórios farmacêuticos portugueses –, trata do processo aduaneiro e faz a exportação. Quando chega a Angola, a Rangel Angola é responsável pela importação: recebe os documentos de exportação, trata do desalfandegamento e entrega-nos a mercadoria no armazém. Ou seja, faz todo o processo desde os nossos fornecedores em Portugal  até à entrega no nosso armazém em angola. Interliga as duas situações e, para nós, na Socinter, torna-se mais fácil em termos de trabalho porque não temos encomendas a vir do despachante A e do despachante B.

Até aqui, a Socinter e a Rangel têm trabalhado bem, tudo tem corrido da melhor forma.

Essa é uma grande vantagem.

Sim, porque não há dispersão de problemas. Quando acontece um problema, a Rangel resolve. Esta parceria entre a Socinter e a Rangel tem sido boa em todas as esferas, desde o contacto com os próprios funcionários na resolução dos problemas ao acompanhamento.

Trabalhamos numa lógica de logística integrada com o mesmo player, o que é uma grande vantagem. Poupa-nos muito tempo e trabalho. É uma forma muito fácil de resolver a questão na exportação/importação dos nossos produtos. As dificuldades que temos cá, por exemplo, em relação à recolha de documentação, estão cobertas pela Rangel, que nos ajuda muito no nosso trabalho.

Durante a pandemia, houve algum constrangimento no processo de importação?

Não houve grandes problemas a destacar. Como tivemos a redução de muitos voos, houve atrasos de alguns dias. É natural que as entregas se estendessem mais um pouco, mas não houve grande impacto. Por isso, foi só uma questão de esperar mais dois ou três dias.

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