Qual será o futuro dos hubs logísticos urbanos?

Nos últimos anos, o comércio eletrónico tem crescido exponencialmente, impulsionado pela progressiva implementação dos hábitos de consumo online. Esse aumento da procura tem, decerto, um impacto significativo nos transportes de entrega, especialmente nas áreas urbanas. Um cenário que sublinha, portanto, a necessidade urgente de desenvolver hubs logísticos urbanos como parte integrante das soluções para reduzir o impacto ambiental dos transportes nas cidades.

De acordo com o estudo “The Future of the Last-Mile Ecosystem”, do World Economic Forum, estima-se que até 2030 o número de veículos de entrega nas 100 maiores cidades do mundo registará um aumento de 36%. Isto resultará, então, num incremento de 32% nas emissões de CO₂ relacionadas com as entregas e numa subida superior a 21% no tráfego nestas zonas urbanas.

Pois bem, estes números são incompatíveis com as metas definidas pelo Pacto Ecológico Europeu, desenvolvido pela Comissão Europeia, para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030. O objetivo primordial passa, assim, por alcançar a neutralidade climática na União Europeia até 2050.

Nesse sentido, os hubs logísticos urbanos emergem como peças-chave para enfrentar os desafios futuros do transporte de carga e das entregas last mile.

Mas o que são os hubs logísticos urbanos?

A logística urbana é uma componente vital da vida nas cidades: afinal, supermercados, restaurantes, lojas, negócios e clientes individuais dependem da distribuição de mercadorias para responder às necessidades do dia a dia. Ao mesmo tempo, os transportes são responsáveis ​​por cerca de um quarto do total de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) nas cidades da União Europeia, segundo a Agência Europeia do Ambiente.

No sentido de contrariar essa tendência, começaram então a florescer os hubs logísticos urbanos: espaços de logística estrategicamente localizados, que permitem a recolha e a entrega de encomendas num local central. Diminui-se, assim, a necessidade de múltiplas viagens de distribuição. Esta abordagem abre caminho para que as entregas last mile se efetuem por veículos movidos a energia limpa, por exemplo.

Por conseguinte, os hubs logísticos urbanos desempenham um papel crucial na cadeia de abastecimento e realizam algumas funções logísticas essenciais, como:

  • Consolidação de remessas;
  • Triagem de mercadorias;
  • Armazenamento de mercadorias;
  • Distribuição para áreas próximas.

As vantagens dos hubs logísticos urbanos

Estes espaços são, portanto, essenciais para otimizar a eficiência da supply chain, garantindo uma movimentação mais suave e rápida das mercadorias dentro das áreas citadinas. Resumidamente, os hubs logísticos urbanos contribuem para a criação de valor através da:

1. Redução do congestionamento

Os hubs logísticos urbanos consolidam as mercadorias num único ponto, permitindo assim que sejam redistribuídas em lotes menores e que a entrega se efetue com transportes menores e mais ágeis. Isto reduz substancialmente, sem dúvida, o número de veículos de grande porte a circular nas ruas, diminuindo o congestionamento urbano.

H3: 2. Diminuição das emissões

A sustentabilidade é, hoje, um fator determinante nas cidades. Ao otimizar as rotas de entrega e utilizar meios de transporte menos poluentes, como bicicletas de carga e veículos elétricos, por exemplo, os hubs logísticos urbanos contribuem para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

H3: 3. Melhoria na eficiência logística operacional

Os hubs logísticos urbanos permitem uma melhor coordenação e um melhor planeamento das entregas. A consolidação de cargas e o uso de tecnologias avançadas — como sistemas de gestão de frota e de rastreamento em tempo real — incrementam a eficiência das operações logísticas. Viabiliza-se, assim, a redução dos custos operacionais e a melhoria dos tempos de entrega.

H3: 4. Facilitação da logística de last mile

Garantindo que a distribuição de mercadorias se efetua de forma mais célere e eficiente, aprimora-se a resposta às expectativas dos consumidores. Desse modo, os hubs logísticos urbanos são especialmente eficazes na otimização da logística de last mile, a etapa mais complexa e dispendiosa do processo de entrega.

Hubs logísticos urbanos com emissões zero: será possível?

À medida que caminhamos, a passos largos, para a edificação de cidades com zonas com “emissões zero”, começam a emergir ideias e projetos complementares aos hubs logísticos urbanos, apontando, desde já, algumas tendências que definirão o futuro da logística. É o caso de:

Centros de consolidação urbana

Um centro de consolidação urbana (CCU) — também conhecido como hub de marca branca — é, de acordo com o IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, uma “infraestrutura logística, localizada próxima da área de influência, que consolida mercadorias recebidas de diversas proveniências para aumentar a eficiência da distribuição urbana”.

Estes espaços são compostos por instalações onde os operadores logísticos entregam as mercadorias para distribuição e por sistemas de expedição e transporte, que levam os bens do hub até ao destino.

A movimentação de mercadorias em instalações urbanas de apoio logístico reduz o número de veículos na estrada, o congestionamento nos grandes centros urbanos e as emissões poluentes. Facilita, igualmente, a implementação de práticas logísticas mais sustentáveis, como a utilização de meios de transporte elétricos para entregas last mile.

Microhubs

Um microhub é uma instalação de pequenas dimensões e flexível, destinada a servir como ponto de transferência e consolidação de cargas para entregas last mile. Pode receber mercadorias de centros de distribuição maiores e redistribuí-las, utilizando métodos de transporte mais sustentáveis, como, por exemplo, bicicletas de carga e drones. São frequentemente usados para otimizar as entregas em áreas urbanas congestionadas, reduzindo assim o número de veículos grandes nas ruas.

Em 2022/2023, a cidade de Paris, em parceria com uma empresa de logística local, iniciou um projeto-piloto de microhubs para facilitar a entrega local de mercadorias. Instalaram microhubs — pequenas instalações construídas com materiais sustentáveis, como madeira — em áreas urbanas densas. Estas infraestruturas recebiam as cargas provenientes de centros de distribuição maiores localizados nos subúrbios e, de seguida, redistribuíam para entregadores last mile.

As entregas finais realizavam-se por cooperativas locais, recorrendo a bicicletas de carga e veículos elétricos. Reduziu-se, portanto, a circulação de veículos grandes e poluentes no centro da cidade.

Dark stores

As dark stores são dos modelos mais populares de micro-fulfillment. Apesar de terem “store” no nome, estas lojas raramente estão abertas ao público para compras físicas. Constituem centros de distribuição de pequeno porte, geralmente em áreas urbanas, projetados para responder aos pedidos online de várias lojas.

Estes estabelecimentos ajudam a minimizar as emissões de carbono e o congestionamento nas cidades, uma vez que se situam em áreas de grande densidade populacional, próximas aos clientes finais. Permitem reduzir, então, a necessidade de longas viagens de distribuição. Além disso, as dark stores são frequentemente projetadas para operar com veículos de entrega elétricos ou movidos a energia limpa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
World Economic Forum. “The Future of the Last-Mile Ecosystem”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_the_last_mile_ecosystem.pdf
TNO. “Logistics hubs for zero-emission urban distribution”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://www.tno.nl/en/newsroom/insights/2023/05/logistics-hubs-zero-emission-urban/
Centre for London. “Urban logistics hubs: what are London’s needs?”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://centreforlondon.org/wp-content/uploads/2023/04/Centre-for-London-Urban-Logistics-Hub.pdf
HAL. “‘Proximity logistics’: characterizing the development of logistics facilities in dense, mixed-use urban areas around the world”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://hal.science/hal-03823579v1/file/2022%20-%20Proximity%20logistics%20-%20Buldeo%20Rai%2C%20Kang%2C%20Sakai%2C%20Tejada%2C%20Yuan%2C%20Conway%2C%20Dablanc.pdf
Laboratoire Ville Mobilité Transport. “European strategies for urban logistics”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://www.lvmt.fr/wp-content/uploads/2024/05/Harris-and-Dablanc-European-initiatives-of-urban-logistics-report-20231.pdf
European Environment Agency. “Transport and mobility”. Acedido a 6 de junho de 2024.
https://www.eea.europa.eu/en/topics