Logística hospitalar: os principais desafios e soluções

A logística hospitalar desempenha, sem dúvida, um papel vital nos sistemas de saúde, operando nos bastidores para garantir o fornecimento oportuno de materiais e medicamentos essenciais para o cuidado dos pacientes. No entanto, qualquer interrupção nesse fluxo pode ter repercussões muito significativas e graves. Afinal, se os médicos e profissionais de saúde não têm acesso aos materiais e medicamentos necessários, por escassez, rutura ou má gestão do stock, terão de enfrentar atrasos nos tratamentos e cuidados. Trata-se, pois, de um fator que pode comprometer de forma crítica a saúde e segurança dos pacientes.

Neste artigo, abordamos as principais características da logística hospitalar, os seus desafios e o modo como a tecnologia pode contribuir para uma gestão mais eficaz dos recursos.

O que é a logística hospitalar?

A logística hospitalar pode definir-se, portanto, como o processo que assegura que as instituições de saúde dispõem dos materiais e medicamentos necessários para garantir os melhores cuidados médicos à população.

No entanto, a verdade é que, atendendo à natureza complexa e multifatorial deste conceito, não existe uma definição única para logística hospitalar. Para alguns autores, a logística hospitalar envolve o conjunto de atividades operacionais que decorrem no ambiente hospitalar, como as compras, a gestão de inventário e o reabastecimento de bens e serviços relacionados com os cuidados médicos aos pacientes.

Abordagens mais modernas, caso da Associação Francesa de Cadeia de Abastecimento e Logística (ASLOG), sustentam então uma visão mais abrangente. Encaram a logística hospitalar como uma estratégia para otimizar o fluxo de recursos e informações (pacientes, produtos e materiais), garantindo assim a qualidade e segurança em todas as etapas da supply chain: desde o fornecedor até ao paciente.

A importância de uma logística hospitalar eficiente

Os serviços facilitados pela logística têm, certamente, um impacto significativo na qualidade dos cuidados de saúde, bem como nos custos hospitalares. A logística hospitalar contribui, por isso, para a prestação de cuidados aos pacientes, garantindo a disponibilidade de todos os serviços e recursos (ou seja, funcionários, instalações, medicamentos e equipamentos) sempre que necessário.

Uma logística hospitalar eficiente é importante para:

  • Garantir o fornecimento de materiais, medicamentos e equipamentos, o que ajuda a evitar interrupções no atendimento devido à falta de abastecimento;
  • Reduzir os custos através da otimização dos processos de compra, armazenamento e distribuição;
  • Incrementar a qualidade dos cuidados de saúde, assegurando que os materiais e equipamentos hospitalares certos estão disponíveis quando é preciso. Tal pode ajudar a reduzir erros médicos, minimizar o tempo de espera dos pacientes e melhorar a experiência geral do paciente;
  • Aumentar a segurança do paciente, permitindo que os medicamentos corretos sejam entregues, na dose certa e no momento certo. Evitam-se, pois, erros de medicação e outros riscos potencialmente críticos para a segurança do paciente;
  • Aprimorar a eficiência operacional, contribuindo para a redução dos tempos de espera, a minimização do desperdício de recursos e a otimização da utilização de instalações e equipamentos. Isto permite, sem dúvida, incrementar a produtividade e a eficiência geral das operações hospitalares.
  • Melhorar a organização dos hospitais, uma vez que permite externalizar a armazenagem, totalmente ou em parte, ou reduzir a ocupação, permitindo uma gestão mais eficiente do espaço.

Mas como funciona a logística hospitalar?

A logística hospitalar começa com a identificação das necessidades de equipamentos e medicamentos. Requer, dessa forma, a seleção de fornecedores, a negociação de contratos e a realização de compras, à luz do orçamento do hospital.

Depois de encomendados, os produtos são transportados e recebidos nos armazéns do hospital, onde são acomodados em locais apropriados. A gestão de stock é uma parte fundamental da logística hospitalar, assegurando os níveis de produto indicados em armazém, assim como a previsão da procura, a realização de pedidos de reposição, conforme necessário, e a implementação de estratégias para evitar situações de excesso ou falta de stock.

A logística hospitalar é igualmente responsável pelos processos internos de distribuição dos produtos pelas respetivas áreas, como as unidades de cuidados intensivos, as salas de cirurgia, as unidades de internamento, entre outros. Isso pode envolver o uso de sistemas de transporte interno, para garantir uma entrega rápida e eficiente.

Ao longo deste processo, revela-se imperativo assegurar a qualidade e a segurança dos produtos médicos e materiais utilizados no hospital. Com efeito, é essencial manter registos precisos, cumprir os regulamentos de saúde e segurança e adotar medidas que permitam evitar a contaminação ou eventuais danos aos produtos.

Por fim, a logística hospitalar deve assegurar a gestão adequada de resíduos médicos, de acordo com o quadro normativo e as regulamentações ambientais e de saúde pública.

Desafios da logística hospitalar

Na maioria das vezes, os hospitais enfrentam pressões para controlar os custos operacionais, incluindo os que se relacionam com a logística. Nesse sentido, importa equacionar um conjunto de desafios basilares, que se verificam ao longo de toda a cadeia de abastecimento:

Armazenamento

O armazenamento apresenta desafios significativos no âmbito da logística hospitalar devido à grande multiplicidade de produtos médicos e, igualmente, à necessidade de garantir a rastreabilidade e todas as condições de segurança dos itens em stock. No entanto, muitas vezes os armazéns centrais hospitalares não estão otimizados para uma operação logística eficiente.

Otimização para o frio

Alguns artigos, nomeadamente medicamentos e dispositivos médicos, podem necessitar de condições de armazenamento e distribuição especiais, requerendo constante controlo e monitorização da temperatura. É o que denominamos logística da cadeia de frio. Nesse sentido, a logística hospitalar deve assegurar o cumprimento destes parâmetros em toda a cadeia de abastecimento. Caso contrário, pode provocar prejuízos elevados.

Visibilidade do stock na cadeia logística

O controlo de stock em hospitais é crucial para garantir a disponibilidade de produtos quando necessários. Assim, é essencial acompanhar e monitorizar de forma precisa, e em tempo real, a quantidade, localização e status dos produtos ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Gestão de lotes e validades

As instituições de saúde lidam com uma ampla variedade de produtos médicos, por exemplo, medicamentos, dispositivos médicos e materiais de consumo. Cada um desses produtos pode ter diferentes lotes e datas de validade, o que aumenta a complexidade da gestão hospitalar e requer uma monitorização constante, de modo que se evite o desperdício.

Tecnologia e automação

A implementação de sistemas de informação e tecnologia que permitam gerir eficientemente os processos da logística hospitalar pode ser dispendiosa. Da mesma forma, a adoção de novas tecnologias, de automação ou robótica, pode exigir investimentos significativos.

Regulamentações e conformidade

Os hospitais têm, naturalmente, de cumprir um conjunto muito vasto de regulamentações e padrões de qualidade relacionados com a gestão de stock, a armazenagem de produtos médicos e a segurança do paciente. Manter a conformidade com esses requisitos é, sem dúvida, um desafio acrescido, sobretudo quando este quadro normativo/legislativo se encontra em constante evolução.

O papel da tecnologia na logística hospitalar

A digitalização da logística hospitalar permitirá ao setor da saúde capacitar-se para as necessidades, cada vez mais urgentes e decisivas, de modernização e eficiência. A adoção de softwares Enterprise Resource Planning (ERP)possibilita uma gestão integrada e transparente de toda a cadeia de abastecimento, proporcionando uma visibilidade total das necessidades de cada instituição.

Além disso, essa abordagem permite a implementação de estratégias de reposicionamento dos armazéns avançados e a disponibilização de serviços com base nos consumos históricos e nas previsões das necessidades futuras.

Na logística hospitalar, a Internet of Things (IoT) pode ser aplicada para monitorizar e controlar as diferentes variáveis, como equipamentos médicos, consumíveis e até mesmo pacientes. Por exemplo, dispositivos IoT podem ser usados para monitorizar a temperatura e a humidade de ambientes de armazenamento de medicamentos, garantindo que estão dentro dos padrões necessários. Igualmente, a IoT viabiliza a monitorização da localização de equipamentos médicos, ajudando a evitar perdas e a otimizar a sua utilização.

Por outro lado, a Inteligência Artificial (IA) pode ser empregue na análise de grandes volumes de dados recolhidos pela IoT, identificando padrões e tendências que podem ser usados para prever a procura, otimizar rotas de entrega e até mesmo prever eventos adversos, caso de surtos de doenças. Do mesmo modo, a IA pode ser utilizada para automatizar processos de tomada de decisão, como a alocação de recursos e a gestão de stock, tornando a logística hospitalar mais eficiente e ágil.

Se procura um parceiro logístico capacitado para enfrentar os múltiplos desafios da logística hospitalar, oferecendo-lhe a confiança necessária para o transporte de produtos sensíveis, contacte-nos. A nossa equipa conta com um know-how profundo na indústria farmacêutica, que se estende desde as recolhas em fábrica até à entrega ao cliente final, e dispomos de um conjunto de infraestruturas, equipamentos e veículos, adequados para assegurar o controlo da temperatura dos seus produtos, em todas as etapas da supply chain.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AltexSoft. “Healthcare Logistics: How Technology Helps Manage Medical Supply Chains”. Acedido a 24 de abril de 2024.
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Supply Chain Magazine. “Pharma Supply Chain 2023: a Logística está no centro da mudança”. Acedido a 24 de abril de 2024.