Logística colaborativa: como partilhar recursos para reduzir custos?

“Nenhum homem é uma ilha”, já dizia o poeta britânico John Donne. Esta máxima aplica-se também, decerto, ao mundo dos negócios, tornando-se especialmente evidente na logística colaborativa.

Ora, num cenário colaborativo, as empresas nunca operam isoladamente. Dependem, pois, de uma rede de parceiros e colaboradores, para otimizar as suas operações, reduzir custos e incrementar a eficiência dos processos.

Fique, assim, a conhecer, neste artigo, os benefícios subjacentes à adoção desta estratégia e algumas das práticas mais comuns na logística colaborativa.

O que é a logística colaborativa?

A logística colaborativa consiste, então, numa estratégia de gestão que envolve a articulação de diferentes organizações, ao longo de toda a cadeia de abastecimento. O seu desiderato passa pela otimização das várias fases da supply chain: da gestão do transporte de mercadorias ao controlo do inventário, passando, por exemplo, pelas operações de last mile.

Ao trabalharem em conjunto — regidas por uma lógica de cimentação de sinergias —, as partes intervenientes na supply chain minimizam desperdícios, aprimoram procedimentos e melhoram os índices de satisfação dos clientes.

Portanto, um modelo de logística colaborativa deve caracterizar-se pelos seguintes fatores:

  • Cooperação entre parceiros — fabricantes, fornecedores, distribuidores e retalhistas dividem as responsabilidades na gestão do processo logístico;
  • Partilha de recursos — os vários stakeholders intervenientes na cadeia de abastecimento repartem recursos essenciais, como, por exemplo, transportes, armazéns ou sistemas e dispositivos tecnológicos;
  • Troca de informações — a transferência de conhecimento deve pautar-se pela fluidez e pela transparência entre as partes, principalmente na partilha de dados, em tempo real, sobre níveis de inventários ou nas análises preditivas das flutuações da procura.

Quais são as principais vantagens da logística colaborativa?

Da redução de custos à sustentabilidade das operações, a logística colaborativa inclui, sem dúvida, inúmeros benefícios, dos quais destacamos cinco:

1. Reduz custos

A adoção de políticas de logística colaborativa viabiliza a mitigação de despesas associadas, por exemplo, às operações de transporte, armazenamento e distribuição de mercadorias.

A título ilustrativo, se duas organizações adotantes da logística colaborativa partilharem a mesma frota de camiões, reduzirão o investimento referente à aquisição e à manutenção desses veículos. Além disso, esta estratégia permite, igualmente, poupanças com despesas de cariz operacional, como o consumo de combustível ou os custos com a mão de obra.

Similarmente, o armazenamento colaborativo pode gerar uma significativa redução dos custos operacionais e de arrendamento.

2. Aumenta a eficiência operacional

A logística colaborativa assegura a utilização da capacidade total dos ativos — transporte, armazéns e mão de obra. Desse modo, reduz, substancialmente, o desperdício e garante que a alocação de cada recurso responde às efetivas necessidades operacionais.

Esta estratégia de partilha permite, por exemplo, que um armazém opere em plena capacidade, durante todo o ano, em vez de funcionar de modo parcial, nas alturas com menos procura de determinados produtos.

As empresas podem, assim, ajustar a capacidade do seu espaço de armazenagem ou a sua capacidade de transporte, conforme necessário, sem desperdiçar ou investir em recursos próprios.

3. Estimula a resiliência na cadeia de abastecimento

Desastres naturais, restrições económicas, crises sanitárias e, simplesmente, mudanças no comportamento dos consumidores podem causar fortes disrupções nas cadeias de abastecimento. Consequentemente, torna-se, cada vez mais, relevante para as organizações apostar, sustentada e proativamente, no incremento da resiliência e da adaptabilidade das suas supply chains.

Aliás, como a logística colaborativa fomenta uma partilha fluida de informações, em tempo real, entre os intervenientes, esta facilitará o exercício fundamental de ajuste das operações, de forma coordenada.

Imaginemos, então, que um fornecedor enfrenta uma súbita interrupção nas suas operações. Através da logística colaborativa, os parceiros colaborativos podem redistribuir recursos, ajustar stocks ou reconfigurar rotas de transporte, garantindo a fluidez contínua da cadeia de abastecimento.

4. Incrementa a transparência dos processos

A transparência tornou-se, sem dúvida, um dos pressupostos mais importantes numa supply chain colaborativa. Afinal, além de garantir uma resposta mais célere a disrupções, a partilha de informações, em tempo real, aumenta a visibilidade de toda a cadeia de abastecimento, melhorando a capacidade de monitorização das mercadorias.

Além disso, pode revelar-se frutífero recorrer à tecnologia blockchain, para, na logística colaborativa, ampliar o nível de transparência e rastreabilidade. Esta solução reúne diversos stakeholders (fornecedores, distribuidores e retalhistas), permitindo-lhes, assim, partilhar dados atualizados, com segurança.

5. Promove práticas sustentáveis

A sustentabilidade tornou-se também, certamente, num crucial motor impulsionador da logística colaborativa. Afinal, através da partilha de transportes e outros recursos, as empresas podem reduzir a sua pegada de carbono, alinhando-se com as crescentes expectativas — do mercado, dos governos e dos consumidores —, relativamente à adoção de práticas ambientalmente responsáveis.

Ao consolidar cargas e otimizar rotas de transporte, por exemplo, diminui-se o número de veículos nas estradas, conduzindo a menos consumo de combustível e à redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Da teoria à prática: que mecanismos de logística colaborativa deve implementar?

A logística colaborativa requer, portanto, a adoção de práticas que incentivem a cooperação entre parceiros e os múltiplos intervenientes na supply chain. As estratégias de logística colaborativa que contribuem para a otimização da cadeia de abastecimento incluem, por exemplo:

  • Partilha de armazéns, para dividir os custos operacionais e otimizar a utilização dos espaços;
  • Consolidação de cargas num único transporte e partilha de rotas, para diminuir os custos de frete e o número de veículos utilizados nas operações logísticas;
  • Investimento no cross-docking colaborativo, que envolve a transferência de produtos de um veículo para outro, sem armazenagem prolongada, visando reduzir custos e acelerar o processo de entrega;
  • Aposta na armazenagem temporária de stock, nos espaços de empresas parceiras com excesso de capacidade, permitindo, assim, a otimização de recursos e a poupança de custos;
  • Compra coletiva de matérias-primas ou contratação de serviços logísticos em conjunto, para obter melhores condições de negociação e preços mais competitivos;
  • Colaboração na recolha de produtos devolvidos ou recicláveis, para reduzir os custos e otimizar os procedimentos de logística inversa.

A inovação tecnológica ao serviço da logística colaborativa

O futuro da logística colaborativa passa, decerto, pela adoção de tecnologias que promovam a transparência e a eficiência, ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Por exemplo, os sistemas de gestão de transporte (TMS) e os sistemas de gestão de armazém (WMS) ajudam a melhorar a eficiência das rotas e a precisão dos inventários. Similarmente, a implementação de softwares de planeamento de recursos empresariais (ERP) contribui para agilizar a partilha de informações.

Estes instrumentos incorporam novas tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT), big data, inteligência artificial (IA), machine learning e blockchain, com o intuito de:

  • Otimizar processos logísticos;
  • Oferecer visibilidade em tempo real;
  • Analisar grandes volumes de dados.

Estas tecnologias conferem um apoio essencial na logística colaborativa, sobretudo na articulação entre entidades, ao longo da supply chain, e na tomada estratégica de decisões informadas.

Por fim, para que a informação circule com segurança, a adoção de API (interface de programação de aplicações) torna-se fulcral, pois permite a comunicação fluida entre diferentes sistemas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3PL Links. “Discover the power of collaborative logistics and its advantages”. Acedido a 18 de setembro de 2024.
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Transport Topics. “How 3PLs are building more collaborative supply chains”. Acedido a 18 de setembro de 2024.
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European Journal of Operational Research. “Quantifying the impact of sharing resources in a collaborative warehouse”. Acedido a 18 de setembro de 2024.