A importância dos portos secos na logística de importação e exportação

Portos Secos

O Decreto-Lei nº 53/2019 de 17 de abril, que entrou em vigor no dia 1 de julho de 2019, designa o conceito de portos secos, as suas características e processos que devem ser seguidos para assegurar a sua implementação em Portugal.

Em traços gerais, portos secos são plataformas logísticas que se destinam à concentração de carga, e que por norma se situam em zonas do interior do país, em linha com o corredor comercial de determinada região, que está conectada com um ou mais portos marítimos, através do transporte rodoviário, ferroviário ou fluvial.

A principal função destas infraestruturas logísticas, passa por armazenar e movimentar carga contentorizada, beneficiando das mesmas tecnologias e ferramentas digitais já utilizadas nos portos tradicionais, contribuindo assim, para aliviar o fluxo de mercadoria dos terminais marítimos, de modo a evitar o seu estrangulamento e a otimizar os tempos de resposta.

A acrescentar a isto, a implementação de portos secos em Portugal irá permitir, também, uma redução dos custos associados à monitorização do transporte de carga ao longo de toda a cadeia logística, uma vez que poderão deixar de ser necessárias, por exemplo, elevadas garantias bancárias para o caso de desvio ou furto das mercadorias.

Esta decisão, que tem vindo a ser reclamada há vários anos pelo setor dos transportes e logística, poderá revelar-se de extrema importância para a economia nacional e para o fomento das exportações, dado que, poderá ter um impacto bastante positivo no fluxo da cadeia logística. 

A criação de portos secos em zonas interiores estratégicas, irá permitir uma extensão da capacidade logística dos portos marítimos nacionais, tornando, assim, os setores exportador e importador portugueses mais competitivos, principalmente, pela celeridade no desalfandegamento e transferência de mercadorias entre plataformas logísticas, resultando numa redução de preços de armazenamento e movimentação de cargas.


Portos Secos Logística

Paralelamente, importa, também, referir que o processo de digitalização que se prevê submeter às plataformas logísticas, e o uso de ferramentas informáticas para partilha de informação como, por exemplo, a Janela Única Logística, permitirá posicionar Portugal como um dos países mais evoluídos neste setor, contribuindo desse modo, para uma logística de exportação e importação mais eficiente e competitiva.

Este é um ponto fulcral para todas as empresas que exportam, mas também para as que importam. Garantir uma logística eficiente, significa uma redução nos custos operacionais e de distribuição, possibilitando a entrega do produto ao consumidor final com uma diminuição acentuada de danos ou perdas. 

Portos secos: a sua importância para as exportações e importações do Reino Unido após o Brexit

A provável saída do Reino Unido da União Europeia, veio impulsionar a necessidade de avançar com a implementação de portos secos, uma vez que as trocas comerciais entre Portugal e o Reino Unido vão passar a ser extra comunitárias, implicando maior burocracia alfandegária e consequentemente maior volume de trabalho e procedimentos nos terminais marítimos.

Tendo em conta o potencial estrangulamento dos portos nacionais após o Brexit, uma vez que o Reino Unido é o 4.º mercado das exportações portuguesas de bens, a criação destas plataformas logísticas terá um contributo muito importante na manutenção da eficiência e competitividade dos terminais marítimos, suavizando os efeitos constrangedores que a eventual saída do Reino Unido terá nos processos de importação e exportação.

O objetivo passa por posicionar os portos portugueses como uma opção de ligação simplificada, entre o Reino Unido e a União Europeia, que mantém a qualidade do serviço prestado através da movimentação célere de mercadorias, evitando a lotação excessiva de carga nos terminais marítimos.

Portugal, assume um posicionamento geográfico relevante, situando-se precisamente no cruzamento de importantes rotas marítimas, o que lhe confere, por isso, um papel estratégico no transporte marítimo internacional e como plataforma logística para a Península Ibérica. A implementação de portos secos, poderá contribuir sustentadamente, para estimular a competitividade do setor portuário, mas, também, para a afirmação de Portugal nas principais rotas marítimas internacionais.