A importância do papel da logística na economia circular 26 de Junho, 2024 Rangel Logistics Solutions Logística A logística na economia circular constitui, sem dúvida, uma peça fundamental na transição de sistemas lineares de produção e consumo para modelos mais sustentáveis e eficientes. Esta abordagem concede prioridade à conservação de recursos e à minimização do desperdício, promovendo assim a reutilização, a reciclagem e a renovação de materiais e produtos já existentes. Mas de que modo pode a logística contribuir para a economia circular? E quais são os benefícios desta abordagem? Neste artigo, exploramos então a importância e o papel da logística na economia circular, sublinhando as estratégias que as empresas podem adotar para mitigar o seu impacto ambiental. Economia circular: o que é? A economia circular representa uma mudança fundamental nos modelos de produção e consumo, priorizando a conservação de recursos e a minimização do desperdício. Em contraste com o modelo linear tradicional — em que os produtos são fabricados, utilizados e descartados —, a economia circular promove a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos. Neste modelo, o ciclo de vida dos produtos é, portanto, prolongado o máximo possível. Quando um determinado bem chega ao fim da sua vida útil, torna-se possível manter os seus materiais na economia, por meio da reciclagem. Permite-se, por isso, que sejam utilizados repetidamente para criar mais valor. Nesse sentido, o desiderato principal da economia circular passa pela preservação do valor dos materiais e dos produtos, evitando que uma grande quantidade de resíduos regresse à natureza e promovendo a sua reintegração no processo produtivo. Isto reduz, certamente, o impacto ambiental das atividades económicas. Além disso, impulsiona a eficiência económica e promove a sustentabilidade a longo prazo. Pois bem, a logística na economia circular assume um papel incontornável nesta transição. Cadeias de abastecimento e logística: do linear ao circular Uma cadeia de abastecimento consiste em todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, no fluxo e na transformação de bens e serviços — desde a origem do produto até o cliente. A logística envolve, pois, as atividades necessárias para criar uma articulação harmoniosa entre a procura do consumidor e a oferta das empresas, desde a extração de matérias-primas até à entrega do produto final. Além do transporte e do armazenamento, a logística abarca domínios como: Desenho estratégico da cadeia de abastecimento; Correspondência entre a oferta e a procura, equacionando, por exemplo, as suas flutuações sazonais; Planeamento detalhado do fluxo de produtos através das cadeias de abastecimento. No entanto, o modelo atual das cadeias de abastecimento e da logística tradicional é, por regra, linear. Ou seja, segue a abordagem tradicional: “produz-utiliza-deita fora”. Uma das principais desvantagens deste modelo é, por isso, o desperdício sistemático de recursos. Uma nova abordagem à cadeia de abastecimento Uma cadeia de abastecimento circular é concebida, desde raiz, com o intento de minimizar o desperdício e maximizar o valor dos recursos. De acordo com o Modelo Circular de Supply Chain da Ernst & Young, o futuro da logística e das cadeias de abastecimento passará a incluir atividades como a recolha e o processamento de produtos existentes, em ciclos de “subfornecimento” (subsupply cycles). A fase da entrega do produto ao consumidor passa, aqui, a ser seguida de um novo processo, que inclui a recolha (logística inversa). Os processos da logística na economia circular respondem, portanto, a um conjunto amplo de atividades, a saber: Recuperação: coleta seletiva de produtos ou materiais descartados após o uso; Reutilização: reintrodução de produtos ou materiais na cadeia de valor, para serem utilizados novamente sem grandes modificações; Reparação: processo de conserto de produtos danificados, ou com defeitos, para estender a sua vida útil; Renovação: restauração ou revitalização de produtos para melhorar a sua aparência ou o seu desempenho; Remanufatura: desmontagem, reparação, substituição de peças e remontagem de produtos, visando torná-los equivalentes a itens novos; Reaproveitamento: uso de produtos ou materiais descartados para outras finalidades, muitas vezes diferentes da sua aplicação original; Redução: minimização do desperdício e da quantidade de materiais utilizados em produtos ou embalagens; Reciclagem: processo de transformação de materiais descartados em novos produtos ou materiais, reduzindo a necessidade de extração de matérias-primas virgens. Nesta abordagem à supply chain, deve identificar-se se um dado bem vai diretamente para o mercado de segunda mão, se pode ser transformado ou, por outro lado, se precisa de ser desmontado. Dependendo da resposta, o produto ou os seus componentes são devolvidos à cadeia de abastecimento em diferentes pontos. Logística na economia circular: os benefícios para a cadeia de abastecimento A logística na economia circular deve, portanto, focar-se na remodelação da cadeia de abastecimento e adotar modelos circulares (recolha e logística inversa de produtos, recuperação e valorização de materiais e, posteriormente, reutilização ou reciclagem). Trata-se de um fator crucial para garantir os necessários avanços em direção a uma economia mais sustentável e responsável, ambiental e socialmente. Assim sendo, importa frisar que a logística na economia circular pode contribuir para: 1. Reduzir as emissões e a pegada material A transição para uma economia circular tem certamente um impacto significativo nas emissões totais de gases de efeito estufa. Aliás, segundo o Circularity Gap Report 2021, a adoção de práticas circulares pode reduzir as emissões em 39% até 2032. A logística na economia circular pode contribuir ativamente para esta redução, através da utilização de análise de dados e de tecnologia para, por exemplo, identificar as rotas mais eficientes, em tempo real. O mesmo estudo refere que as cadeias de abastecimento circulares poderão reduzir a pegada material total (materiais necessários para satisfazer o consumo) em 28%, até 2032. Uma cadeia de abastecimento de economia circular prolonga o ciclo de vida dos produtos ou materiais, otimizando os materiais, os recursos e os processos, dando prioridade à utilização de produtos mais duradouros ou prolongando a sua vida útil através da reutilização, reparação e remanufatura. O objetivo final passa, pois, por evitar a desnecessária extração de novas matérias-primas. 2. Aumentar a resiliência das cadeias de abastecimento Ao adotar práticas circulares, as empresas reduzem a sua dependência de recursos finitos, como os minerais e os combustíveis fósseis. Isto é, mesmo perante flutuações no mercado de commodities ou a escassez de recursos, as organizações podem continuar a operar de forma estável. A título ilustrativo, a logística na economia circular pode assegurar a reciclagem de materiais e componentes, mitigando desse modo a dependência exclusiva de matérias-primas virgens. Isto pode reduzir significativamente a vulnerabilidade das empresas às interrupções no fornecimento desses recursos. Afinal, a procura de fontes alternativas de matéria-prima — incluindo materiais reciclados, recondicionados ou regenerados — ajuda a reduzir a dependência de uma única origem de fornecimento. Por exemplo, empresas que produzem embalagens podem utilizar plástico reciclado, plástico biodegradável ou materiais de embalagem alternativos, garantindo que não ficam completamente dependentes de um único tipo de material. Estratégias para integrar a logística na economia circular No que concerne ao papel da logística na economia circular, importa destacar o seu impacto decisivo em múltiplas dimensões, a saber: Otimização de rotas de transporte — através de tecnologia de análise de dados em tempo real, as empresas podem reduzir as distâncias percorridas pelos veículos de transporte de mercadorias e otimizar os itinerários; Previsão da procura — as ferramentas que incorporam inteligência artificial e machine learning recorrem a algoritmos cada vez mais precisos para antecipar a procura, permitindo ajustar as necessidades de produção e aprimorar a gestão de inventários. Evitam-se, assim, situações de rutura ou excesso de stock. Tal pode contribuir para a redução de custos associados ao armazenamento, para o aumento da eficiência operacional e para diminuição dos desperdícios; Promoção de embalagens reutilizáveis — a minimização do uso de embalagens de utilização única, a favor das reutilizáveis, viabiliza a redução da produção de resíduos. Nesse sentido, é necessário incentivar o retorno das embalagens em fim de vida às empresas que as produziram; Recuperação de resíduos — ao estabelecer sistemas de recolha e separação, as empresas contribuem para a identificação de materiais recuperáveis para reutilização ou reciclagem. Reduz-se, desse modo, a necessidade de extração de matérias-primas novas, conservando os recursos naturais e diminuindo o impacto ambiental. Se procura um parceiro de logística na economia circular, que o apoie na adoção de práticas mais sustentáveis, conte com a experiência e a excelência do grupo Rangel. Disponibilizamos um conjunto alargado de soluções de logística, adaptadas às necessidades de cada negócio. FONTES:Ellen MacArthur Foundation. “Towards the circular economy Vol. 3: accelerating the scale-up across global supply chains”. Acedido a 28 de maio de 2024.McKinsey & Company. “A new holistic view on circular value chains”. Acedido a 28 de maio de 2024.Ernst & Young (EY). “Why the circular economy is transforming traditional logistics”. Acedido a 28 de maio de 2024.Wageningen University & Research. “Logistics in the Circular Economy: Challenges and Opportunities”. Acedido a 28 de maio de 2024.Maersk. “Closing the loop with circular economy logistics”. Acedido a 28 de maio de 2024.World Economic Forum. “Why the circular economy is the business opportunity of our time”. Acedido a 28 de maio de 2024.Parlamento Europeu. “Economia circular: definição, importância e benefícios”. Acedido a 28 de maio de 2024.Circle Economy Foundation. “The Circularity Gap Report 2021”. Acedido a 28 de maio de 2024. Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn
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