Grupagem marítima: quais são as suas vantagens e que aspetos deve considerar? 16 de Dezembro, 2022 Rangel Logistics Solutions Transportes A introdução dos contentores empilháveis e de dimensões standard, na década de 1950, marcou de modo indelével o transporte marítimo de carga. Ora, a padronização destas medidas pode levantar alguns obstáculos para quem procura movimentar bens que não completem um contentor. A grupagem marítima emerge, portanto, como uma modalidade de envio que pretende oferecer uma resposta eficaz a estas necessidades logísticas. Fique a conhecer, neste artigo, o significado deste conceito, bem como quais são as suas principais vantagens, as suas exigências e os seus desafios. Afinal, o que é e para que serve a grupagem marítima? Em traços gerais, a grupagem marítima constitui uma modalidade mais flexível e económica para o envio de pequenas cargas, através do transporte marítimo. Este conceito é expresso, também, pela sigla LCL, que em inglês significa “Less than Container Load” — por oposição a FCL (Full Container Load). Para responder à questão “o que diferencia o serviço LCL do FCL?”, podemos reiterar que o primeiro se afirma como a solução logística indicada para as situações em que não é possível encher um contentor. Considerando as dimensões standard dos contentores marítimos, este método é adequado, por exemplo, para cargas que satisfaçam uma das seguintes condições: Entre uma e oito paletes; Peso inferior a 13 toneladas; Volume até 14 metros cúbicos. Quais são as principais vantagens da grupagem marítima? Como o próprio nome sugere, a grupagem marítima constitui um agrupamento de diferentes cargas LCL que são, então, consolidadas e enviadas para diversos destinatários, dentro de um único contentor. Naturalmente, associa-se a esta opção uma multiplicidade de vantagens, a saber: Otimização da utilização dos contentores — permitindo, no fundo, converter inúmeros envios LCL em FCL, este sistema viabiliza um aproveitamento mais eficiente do espaço; Redução dos custos — o preço a pagar por um contentor completo (FCL) pode, assim, ser evitado. Através do serviço LCL, o custo está diretamente correlacionado com os metros cúbicos que a mercadoria ocupa ou com o peso da carga. Desse modo, o valor total do contentor é distribuído pelos diversos utilizadores. Trata-se de uma solução mais económica para volumes pequenos, mesmo que a despesa por unidade se possa revelar mais dispendiosa; Flexibilidade — a grupagem marítima simplifica a gestão de stock. A título ilustrativo, para as empresas de e-commerce, que tendem a possuir um espaço limitado de armazenamento, este recurso logístico permite manter a quantidade ideal de bens. Consequentemente, podem, então, contornar a necessidade de alugar armazéns; Segurança da mercadoria — tendo em conta que, geralmente, os serviços LCL utilizam a capacidade máxima dos contentores, há uma menor probabilidade de a carga se mover aquando da sua movimentação. Desse modo, é mais fácil evitar a danificação da mercadoria. Alguns aspetos e desafios a considerar na grupagem marítima De facto, o transporte LCL por via marítima apresenta um conjunto vasto de benefícios. Todavia, há especificidades imanentes a esta modalidade que se devem equacionar. Elencamos, então, alguns fatores imprescindíveis a ter em conta, neste cenário. Inspeção aduaneira A consolidação de mercadorias distintas num único contentor acarreta, inegavelmente, algumas consequências. Uma das mais evidentes diz respeito ao momento do desembaraço aduaneiro. Por exemplo, se algum dos artigos do contentor apresentar irregularidades nos documentos de transporte, todas as encomendas acabam por sofrer com esse bloqueio. Os atrasos relacionados com este tipo de contrariedades burocráticas são, pois, mais prováveis na grupagem marítima. A melhor forma de evitar estes contratempos é, claro, assegurar à partida que a mercadoria respeita todas as normas e se faz acompanhar da documentação necessária. A experiência do operador logístico pode, portanto, fazer toda a diferença. Coordenação das partes Na grupagem marítima, um mesmo contentor transporta cargas de proveniências distintas para um porto comum ou múltiplos portos. Com efeito, o trabalho de coordenação do serviço logístico torna-se, aqui, vital. Considerando a quantidade e a variedade dos intervenientes, o planeamento deve nortear-se por um conjunto de trâmites rigorosos. Nessa planificação, importa, então, que o operador responsável delineie, previamente, a ordem de entrada e a disposição dos produtos, no contentor. Para isso, é crucial ter em consideração aspetos como as dimensões e o peso de cada carga, as suas especificidades ou o seu local de descarregamento, por exemplo. As falhas de comunicação e de coordenação podem, pois, criar desfasamentos na desconsolidação ou provocar danos nas mercadorias. Tempo de trânsito Em virtude das particularidades do transporte LCL por via marítima, já supramencionadas, revela-se mais desafiante manter a precisão do plano de entrega. O tempo total em trânsito (entre o momento da encomenda e o ponto de entrega) pode, por exemplo, aumentar, se for necessário esperar por outras mercadorias para encher um determinado contentor. Como tal, esta solução deve ser considerada, sobretudo, para expedições de longo curso, nas quais o fator tempo não é preponderante. Atendendo à complexidade subjacente à coordenação da grupagem marítima, pode denotar-se alguma falta de transparência no acompanhamento do estado atual do envio. Assim, é aconselhável optar por um transitário que assegure o rastreio em tempo real. Mercadorias perigosas No âmbito da grupagem marítima, nem todos os bens podem ser transportados, simultaneamente, no mesmo contentor. Note-se que, tratando-se de um espaço partilhado, é essencial manter a integridade de todos os artigos. Assim, determinadas mercadorias, pela sua natureza, são incompatíveis com este serviço. É, certamente, o caso da junção de bens alimentares com produtos cosméticos ou detergentes. Da mesma forma, a mercadoria considerada perigosa (que carece de requisitos especiais de manuseamento e acondicionamento) é, geralmente, proibida nos envios LCL. A Organização Marítima Internacional (IMO) identifica e classifica, no Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas (IMDG), estes objetos ou matérias, caracterizados pela sua inflamabilidade, toxicidade, corrosividade ou radioatividade. Quais são os requisitos a cumprir? A requisição do serviço de grupagem marítima pressupõe o cumprimento de algumas normas. Primeiramente, devem seguir-se as regras de embalamento padronizadas internacionalmente, para o transporte marítimo. Além disso, deve facultar ao especialista aduaneiro documentos como: packing list, documentos de transporte (bill of lading), fatura comercial, certificado de origem, prova de origem ou de movimento (Eur1., EurMed, Declaração na Fatura, A-TR), certificados e/ou declarações de conformidade das mercadorias com a legislação comunitária. Na Rangel, possuímos equipas dedicadas à importação, à exportação e ao comércio transfronteiriço. Se precisa de soluções de transporte marítimo ajustadas às suas necessidades, pode contar com a experiência e o rigor dos nossos profissionais. Dispomos de todos os recursos necessários para apoiar o crescimento internacional da sua empresa. Contacte-nos, para obter mais informações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Trade Finance Global. “What is the difference between FCL and LCL?”. Acedido a 24 de novembro de 2022.https://www.tradefinanceglobal.com/freight-forwarding/fcl-full-container-load-versus-lcl/Marine Insight. “What is groupage in shipping?”. Acedido a 24 de novembro de 2022.https://www.marineinsight.com/maritime-law/what-is-groupage-in-shipping/Freight Filter. “LCL Shipping – Groupage Shipping”. Acedido a 24 de novembro de 2022.http://freightfilter.com/lcl-shipping-groupage-shipping/International Maritime Organization. “The International Maritime Dangerous Goods (IMDG) Code”. Acedido a 25 de novembro de 2022.https://www.imo.org/en/OurWork/Safety/Pages/DangerousGoods-default.aspx Etiquetas:transporte marítimo Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn
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