Exportar para a Suíça: oportunidades de negócio e fatores a considerar

A prosperidade e a competitividade singulares da economia helvética são amplamente conhecidas. Foi, aliás, considerada o segundo mercado mais competitivo do mundo pelo IMD World Competitiveness Ranking de 2022. Consequentemente, são muitas as empresas nacionais que procuram exportar para a Suíça, para assim usufruírem das oportunidades oferecidas por uma das economias mais estáveis e dinâmicas do globo.

Com efeito, os relatórios do comércio internacional, publicados pelo INE, espelham essa vontade do tecido corporativo nacional. Em 2021, a Suíça foi o 15.º cliente das exportações portuguesas de bens, com uma quota de 1,0% do total.

Mas sabe como exportar para a Suíça? Que entraves pode enfrentar, dado que este país não pertence ao Espaço Económico Europeu? Ou quais são as áreas de negócio mais atrativas para quem pretende investir neste território? Fique, então, a conhecer detalhadamente o perfil deste mercado.

Um breve retrato da economia suíça

Com uma população de cerca de 8,7 milhões de habitantes, a Suíça distingue-se, em primeiro lugar, pelo seu elevado PIB per capita. No ano de 2021, de acordo com The Economist Intelligence Unit (EIU), este indicador situava-se nos 93.064 dólares. Um valor quase quatro vezes superior ao de Portugal.

Em relação a 2020, o país registou, no ano passado, um incremento do PIB de 3,7%, segundo The World Bank. No que concerne ao capítulo das projeções, a EIU prevê que, em 2022, a economia helvética registe um crescimento de 2,8%. Esta unidade de análise alerta, contudo, para os riscos subjacentes à guerra na Ucrânia.

Apesar do aumento da procura pelo franco suíço, dada a sua estabilidade, importa atentar, decerto, no potencial impacto deste cenário de incerteza nas exportações suíças. O aumento do preço da energia e o abrandamento do crescimento dos países da União Europeia (UE) são, pois, fatores a ter em conta.

Não obstante, quem pretende exportar para a Suíça contará certamente com a segurança de um dos mercados mais robustos da Europa. De acordo com a EIU, os elevados níveis de consumo privado, bem como a cultura empresarial extremamente exigente e a mão de obra altamente qualificada, continuarão a alavancar esta economia.

A balança comercial da Suíça vista à lupa

O poderio económico helvético reflete-se, similarmente, na vitalidade das suas relações comerciais com o exterior. Segundo os dados do Comtrade, citados pela AICEP, a balança comercial suíça registou, em 2021, um excedente de 58 mil milhões de USD. Trata-se, portanto, de um aumento bastante expressivo relativamente ao período homólogo (29 mil milhões de dólares).

As importações do país totalizaram, no último ano, cerca de 321 mil milhões de USD. Com efeito, os cinco grupos de produtos mais importados foram:

  • Produtos Químicos (17,9%);
  • Máquinas e Aparelhos (11,9%);
  • Veículos e Outro Material de Transporte (6,1%);
  • Metais Comuns (4,7%);
  • Instrumentos de Ótica e Precisão (4,0%).


Entre os fornecedores, destacam-se a Alemanha, o Reino Unido, os EUA, a Itália e a China. Representam pouco mais de metade do valor total das importações. Por outro lado, no que diz respeito às exportações, os principais mercados clientes foram os EUA, a Alemanha, a China, a Índia e a Itália.

A relação comercial entre a Suíça e Portugal

Como supramencionado, a vontade das empresas nacionais de exportar para a Suíça encontra-se certamente plasmada nos últimos relatórios do comércio internacional do INE. Entre 2017 e 2021, as exportações portuguesas para esse país registaram, então, um crescimento médio anual de 2,5%.

No último ano, e apesar do crescente peso deste fornecedor, a balança comercial de bens continuou a ser favorável ao nosso país, com um excedente de 261 milhões de euros. Dessa maneira, os cinco principais grupos de produtos que Portugal tem vindo a exportar para a Suíça são os seguintes:

  • Máquinas e Aparelhos (16,7%);
  • Produtos Alimentares (12,6%);
  • Produtos Químicos (9,8%);
  • Veículos e Outro Material de Transporte (8,9%);
  • Plásticos e Borracha (8,5%).

Oportunidades de negócio para quem pretende exportar para a Suíça

“O país mais inovador do mundo”: é dessa forma que a norte-americana International Trade Administration (ITA) descreve a economia suíça, citando o ranking da World Intellectual Property Organization. O seu ambiente de negócios é considerado, de acordo com o ranking da EIU, o terceiro mais atrativo para o período compreendido entre 2021 e 2025, de entre um total de 82 países.

A posição de destaque oferecida ao país neste reputado pódio é, então, justificada em função “da estabilidade política, do sólido enquadramento institucional, do consistente cenário macroeconómico, da profunda integração com o comércio global e das excelentes infraestruturas de que dispõe”. Assim, atendendo à sua cultura empresarial de excelência, exportar para a Suíça é sinónimo de ser confrontado com elevados padrões de exigência.

Nesse sentido, a ITA sublinha que este país europeu consome e produz artigos sofisticados, com elevado valor agregado. Apresenta, portanto, uma forte procura por bens que primem pela qualidade, mas com preços competitivos.

Entre as principais áreas de oportunidade para quem pretende exportar para a Suíça podemos salientar, por exemplo, os domínios de atividade relacionados com a crise climática, como os veículos elétricos e as energias renováveis. Aliás, esta é assumida pelo governo helvético como uma das prioridades de investimento.

Além disso, a AICEP alerta para as oportunidades de negócio emergentes em diversos setores, a saber: agroalimentar, ferrovias, construção, arquitetura, saúde, ou tecnologias de informação e comunicação. Por sua vez, a ITA menciona o potencial de exportação inerente a áreas como a biotecnologia, a tecnologia médica ou as tecnologias limpas.

Como exportar de Portugal para a Suíça: regras e formalidades

Embora este país não participe no Espaço Económico Europeu, as empresas portuguesas que pretendem exportar para a Suíça acabam por usufruir de condições facilitadoras do processo. Afinal, este mercado mantém uma relação muito estreita com a UE.

Aliás, são múltiplos os protocolos celebrados entre as duas entidades ao longo das últimas décadas. Ao todo, estão em vigor cerca de 120 acordos bilaterais de natureza comercial e económica. O mais relevante é o Acordo de Comércio Livre, assinado em 1972, com o intuito de proceder à “eliminação dos obstáculos às trocas comerciais” entre as partes contratantes.

Por conseguinte, a UE permite às empresas helvéticas um elevado grau de acesso ao mercado interno. Em contrapartida, o ordenamento jurídico suíço integra determinados aspetos basilares do quadro legislativo comunitário.

Entraves a ter em conta

Para exportar para a Suíça e ter acesso a um tratamento preferencial, nomeadamente no que concerne à isenção ou redução dos direitos aduaneiros, é imprescindível cumprir alguns trâmites. Assim, a origem comunitária deve ser comprovada através do certificado de circulação de mercadorias EUR. 1, da responsabilidade das alfândegas do país de expedição.

Esta prova pode também ser feita mediante declaração emitida pelo exportador na fatura. De notar, no entanto, que a emissão desse documento tem de ser efetuada por um “exportador autorizado”, devidamente reconhecido pela Autoridade Tributária e Aduaneira, no caso das remessas de mercadorias cujo valor exceda os 6.000,00 euros.

Por fim, importa referir que, apesar da progressiva eliminação de barreiras às trocas comerciais entre a UE e este país, há alguns entraves a ter em conta antes de exportar para a Suíça. Os produtos agrícolas e os bens alimentares, por exemplo, estão submetidos a alguns obstáculos, mas não são caso único. Continuam, pois, em vigor:

  • Taxas elevadas associadas aos procedimentos alfandegários;
  • Obrigatoriedade de registo na Suíça, para efeitos de IVA, caso o volume de negócios anual no país seja superior a 100.000 francos suíços;
  • Necessidade, na maioria das situações, de nomeação de um representante fiscal suíço.

Se está interessado em exportar para a Suíça e, desse modo, aproveitar as oportunidades de negócio deste mercado cosmopolita e vibrante, contacte-nos. Dispondo de um conjunto diversificado de serviços logísticos, a experiente equipa da Rangel pode prestar-lhe um apoio próximo e esclarecido ao longo do processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Institute for Management Development (IMD), “World Competitiveness Ranking 2022”. Acedido a 28 de setembro de 2022.
https://www.imd.org/centers/world-competitiveness-center/rankings/world-competitiveness/
Instituto Nacional de Estatística, “Estatísticas do Comércio Internacional – 2021”. Acedido a 28 de setembro de 2022.
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=472735340&DESTAQUESmodo=2
Economist Intelligence Unit, “Switzerland Economy, Politics and GDP”. Acedido a 28 de setembro de 2022.
https://country.eiu.com/switzerland
The World Bank, “GDP growth (annual %) – Switzerland”. Acedido a 28 de setembro de 2022.
https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.KD.ZG?locations=CH
AICEP, “Ficha de Mercado – Suíça”. Acedido a 27 de setembro de 2022.
https://myaicep.portugalexporta.com/mercados-internacionais/ch/suica?setorProduto=-1
International Trade Administration (ITA), “Switzerland – Country Comercial Guide”. Acedido a 28 de setembro de 2022.
https://www.trade.gov/country-commercial-guides/switzerland-market-overview
Economist Intelligence Unit (EIU), “Rankings overview”. Acedido a 27 de setembro de 2022.
http://country.eiu.com/article.aspx?
Comissão Europeia, “Acordos de comércio livre – Suíça”. Acedido a 29 de setembro de 2022.
https://trade.ec.europa.eu/access-to-markets/pt/content/suica
Comissão Europeia, “Trade Barriers. Extension of VAT liability and appointment of a fiscal representative”. Acedido a 29 de setembro de 2022.
https://trade.ec.europa.eu/access-to-markets/en/barriers/details?barrier_id=11902&sps=false

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