Estratégias de logística para mercados emergentes 22 de Novembro, 2024 Rangel Logistics Solutions Logística O cenário global dos negócios está em constante transformação, impulsionado por mudanças de índole económica, política e social. Nos últimos anos, as economias emergentes têm-se destacado como pilares fundamentais do crescimento económico global, sendo que, de acordo com a World Economics, representam 50,1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além disso, foram responsáveis por 66,7% do crescimento global do PIB na última década (2013-2023). Neste contexto, a logística para mercados emergentes torna-se crucial para capitalizar essas oportunidades. Afinal, com uma população superior a 4,3 mil milhões de pessoas, estes países estão a expandir as suas economias e a criar oportunidades para o comércio e os investimentos. Como podem os operadores logísticos, então, assegurar uma resposta consentânea com as exigências deste quadro de significativa expansão? O que são os mercados emergentes? Embora não exista uma definição oficial e universalmente aceite, este termo diz respeito, geralmente, aos países que estão em processo de rápido crescimento económico e de industrialização. Apresentam algumas características de mercados desenvolvidos, mas ainda enfrentam desafios significativos no que concerne a fatores como infraestruturas, regulamentações ou estabilidade política, a título ilustrativo. Exemplos de mercados emergentes são, portanto, países como China, Índia, Brasil, Rússia e África do Sul (conhecidos coletivamente como BRICS), bem como outras nações em regiões da Ásia, América Latina, Europa Oriental e África. Vantagens da logística para mercados emergentes Considerando a incontornável relevância destas economias em franca expansão, a logística para mercados emergentes assume, cada vez mais, um papel imprescindível nestas geografias. Nesse sentido, são várias as vantagens a considerar para os próprios operadores logísticos: Oportunidades de crescimento — muitos mercados emergentes exibem taxas de crescimento económico elevadas e uma expansão rápida da classe média, o que sustenta, portanto, uma crescente procura por produtos e serviços. A urbanização e o desenvolvimento económico proporcionam novas oportunidades para empresas de logística que procuram explorar novos mercados e expandir as suas operações; Recursos naturais — a presença, nestes países, de abundantes quantidades de petróleo, minerais e metais preciosos, por exemplo, pode atrair investimentos e criar uma procura robusta por serviços logísticos especializados em transporte e distribuição; Incentivos governamentais — algumas economias emergentes oferecem incentivos para atrair investimento estrangeiro, incluindo subsídios, isenções fiscais e parcerias público-privadas. Estes incentivos podem reduzir os custos operacionais e facilitar a entrada de novas empresas no mercado da logística para mercados emergentes. Riscos da logística para mercados emergentes Todavia, a prestação de serviços logísticos em economias emergentes acarreta, igualmente, um conjunto de ameaças. Destacamos, portanto, algumas delas: Infraestruturas inadequadas — a carência de infraestruturas fiáveis e de qualidade, como estradas, portos e sistemas de transporte eficientes, pode criar desafios significativos para a logística em mercados emergentes. Problemas como congestionamento, falta de manutenção e deficiências na cadeia de abastecimento apresentam, decerto, um impacto muito expressivo na eficiência logística; Falhas na supply chain — as ineficiências na cadeia de abastecimento de muitos mercados emergentes constituem, também, um risco muito relevante. A América Latina, por exemplo, enfrenta desafios significativos devido às dificuldades concernentes à visibilidade nas operações logísticas. Ou seja, a incapacidade de acompanhar e rastrear, em tempo real, todo o percurso de uma dada mercadoria, garantindo assim a sua segurança e integridade; Instabilidade política e económica — muitos mercados emergentes enfrentam incertezas de natureza política, económica ou social, o que pode provocar algumas dificuldades ao normal fluxo das operações logísticas; Corrupção e burocracias — estes são desafios comuns em alguns mercados emergentes, podendo afetar a eficiência das operações logísticas. A necessidade de lidar com processos administrativos demasiado complicados e morosos, por exemplo, pode aumentar os custos e prejudicar a gestão da supply chain; Desafios regulatórios — a falta de clareza regulatória, assim como as mudanças frequentes nas leis, podem representar desafios adicionais para as empresas de logística em mercados emergentes, exigindo um incremento da vigilância e uma constante adaptação às novas regras. Logística para mercados emergentes: quais são as principais tendências neste quadro? O estado atual da logística para mercados emergentes revela um panorama complexo, com desafios e oportunidades que estão, sem dúvida, a moldar o futuro das cadeias de abastecimento globais. Afinal, com o intento de mitigar os riscos que, hoje, marcam o contexto económico internacional — como a inflação, as tensões comerciais ou os efeitos prolongados da pandemia —, as empresas estão a apostar na diversificação de mercados e a rever os seus fluxos de caixa. Como tal, importa atentar em algumas tendências que se demonstram cada vez mais determinantes: Diversificação das cadeias de abastecimento A China, que tem sido o principal centro global de produção e fornecimento, está a assistir à deslocação de empresas para outras regiões devido às tensões comerciais com os Estados Unidos da América e às sanções de que tem sido alvo. Esta mudança está a influenciar a logística para mercados emergentes, à medida que surgem novos centros de produção e distribuição noutras economias da Ásia, do Médio Oriente ou em países como o México. A Arábia Saudita, a título de exemplo, está a utilizar a sua estratégia “Vision 2030” para transformar o seu setor logístico, investindo em projetos para aumentar a sua capacidade portuária e desenvolver zonas de livre comércio, tornando-se assim num hub logístico regional e global. Adoção de nearshoring A adoção de estratégias de nearshoring tem-se revelado uma tendência incontornável em mercados como o México, para onde muitas empresas norte-americanas estão a deslocar as suas operações com o desiderato de ficar mais perto dos seus consumidores. Este movimento visa, por um lado, minimizar os riscos associados à dependência de um único fornecedor, e, por outro, aproveitar os subsídios e incentivos económicos para investimentos em tecnologias verdes e infraestruturas. Crescente importância da Índia Paralelamente, a Índia tem-se destacado como um destino atraente (cada vez mais perto da China) para produção e consumo. Isto deve-se, sobretudo, ao rápido crescimento da sua população, assim como à diversificação da sua economia. Iniciativas como o “Make in India” — programa implementado em 2014 para encorajar as empresas a fabricar e a estabelecer as suas operações neste país da Ásia Meridional — estão a colher frutos e a atrair produtores globais. Apesar disso, muitos executivos apontam as infraestruturas inadequadas e a corrupção como desafios significativos. Investimento crescente em África De igual modo, muitos países africanos estão a tornar-se cada vez mais promissores no que diz respeito ao investimento em logística para mercados emergentes, impulsionados pelos abundantes recursos naturais, pela urbanização e pelo crescimento da classe média. Assim, há cada vez mais empresas a explorar parcerias locais e a apostar em infraestruturas que viabilizem a expansão das suas operações para o continente africano. Aposta na sustentabilidade As organizações equacionam, cada vez mais, o decisivo impacto das alterações climáticas nas suas estratégias de negócio e na logística para mercados emergentes. Desse modo, procuram efetuar adaptações nas cadeias de abastecimento, incrementar a eficiência dos seus recursos e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Acompanhando uma tendência com contornos globais, a sustentabilidade está, assim, a tornar-se numa prioridade para o setor da logística nas economias emergentes. Estratégias de logística para mercados emergentes: seis dicas fundamentais Para as empresas que pretendem explorar as inúmeras oportunidades destas economias em expansão, revela-se imprescindível considerar um conjunto de cuidados e estratégias. Elencamos, pois, seis fatores a não esquecer: 1. Conhecer o mercado Antes de iniciar operações de logística em mercados emergentes, é essencial fazer uma pesquisa detalhada sobre as condições locais, as regulamentações, as preferências dos consumidores, a cultura e o ambiente de negócios. Além disso, deve avaliar a disponibilidade e confiabilidade das infraestruturas logísticas, como portos, estradas, ferrovias ou aeroportos. Pode, ainda, ser necessário adaptar os produtos, as embalagens, a estratégia de preços e as estratégias de distribuição, garantindo uma resposta mais adequada aos requisitos e às expectativas do mercado. 2. Investir nas infraestruturas A infraestrutura é, em muitos casos, um desafio central na logística para mercados emergentes. Assim, é fulcral investir na sua otimização. Isso pode incluir, por exemplo, o desenvolvimento de centros de distribuição, a melhoria das redes de transporte ou a edificação de instalações de armazenamento modernas. As colaborações com fornecedores locais, bem como o envolvimento em projetos de construção de infraestruturas públicas e privadas, são estratégias importantes para superar estas limitações. 3. Apostar na digitalização da cadeia de abastecimento Para enfrentar os desafios da logística para mercados emergentes, as empresas devem investir em tecnologia avançada. Falamos, por exemplo, de sistemas de gestão da cadeia de abastecimento (SCM), que oferecem visibilidade sobre toda a supply chain, em tempo real, e asseguram uma análise avançada de dados, imprescindível para a constante otimização das operações. A tecnologia ajuda, portanto, a melhorar a precisão no rastreamento de produtos, a reduzir os tempos de entrega e a minimizar os erros. A adoção de soluções como inteligência artificial generativa, sensores IoT (Internet of Things) ou blockchain, a título ilustrativo, pode apresentar um impacto notável na eficiência e na transparência das cadeias de abastecimento. 4. Priorizar a sustentabilidade e a responsabilidade social Cada vez mais, as práticas socialmente responsáveis desempenham um papel vital para a operação nestas economias e para o futuro da logística. Políticas de redução de emissões de carbono, de uso eficiente de recursos ou de apoio à mão de obra local, por exemplo, podem ter um impacto significativo no bem-estar das comunidades. Além disso, contribuem para a cimentação do capital reputacional das empresas e para a sua competitividade, alinhando-as com as expectativas dos consumidores e reguladores locais. 5. Fomentar parcerias locais Estabelecer parcerias com fornecedores e distribuidores locais pode trazer vários benefícios para a logística em mercados emergentes. Estes parceiros possuem, certamente, um conhecimento mais profundo do mercado e das práticas culturais, o que pode facilitar as operações da empresa e os processos de negociação. Além disso, podem ajudar a ultrapassar barreiras logísticas e regulatórias, oferecendo suporte na adaptação às condições locais e ajudando a construir uma rede logística eficiente. 6. Planeamento da gestão de crise Estar preparado para qualquer eventualidade é, no que respeita à logística em mercados emergentes, a melhor estratégia. Atendendo à volatilidade e imprevisibilidade, muitas vezes, destas regiões, a vulnerabilidade relativamente a interrupções na supply chain — fruto da instabilidade política, de problemas de segurança ou de barreiras comerciais, por exemplo — é um risco a ser acautelado. É, por isso, crucial que se planeiem estas contingências, assegurando opções de backup para responder, com celeridade, a eventuais disrupções na cadeia de abastecimento. Além disso, deve-se monitorizar as tendências e os desenvolvimentos de cada mercado, ajustando o planeamento logístico conforme necessário. Se a sua empresa pretende expandir a sua atividade para estas geografias, conte com a excelência e a vasta experiência da equipa Rangel. Conheça, pois, o conjunto alargado de soluções logísticas que temos ao seu dispor para o apoiar na otimização das suas operações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Journal of Supply Chain Management. “The Future of Logistics in Emerging Markets — Fuzzy Clustering Scenarios Grounded in Institutional and Factor-Market Rivalry Theory”. Acedido a 1 de julho de 2024.Chalmers University Of Technology. “Logistics in Emerging Economies: Forecasts and Analysis for Mexico and Turkey”. Acedido a 1 de julho de 2024.Avetta. “Leaders’ Perspective – Best Practices for Supply Chain Management in Emerging Markets”. Acedido a 1 de julho de 2024.Logistics Insider. “Emerging Markets Logistics Outlook 2023 — Asia”. Acedido a 1 de julho de 2024.Transport Intelligence. “2024 Agility Emerging Markets – Logistics Index”. Acedido a 1 de julho de 2024. Etiquetas:logística Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn
8 de Novembro, 2024 Logística Como otimizar a logística para mercadorias de luxo e de alto valor? Ler mais
1 de Novembro, 2024 Logística Como preparar a logística para a peak season 2024: dicas essenciais a considerar Ler mais
4 de Outubro, 2024 Logística, Transportes Planeamento de rotas inteligentes: como reduzir custos e tempos de entrega? Ler mais