Como exportar carne do Brasil para o resto do mundo?

Nos rankings mundiais, uma das áreas em que a economia brasileira mais se destaca é, decerto, na produção de carne, particularmente de carne bovina. Afinal, o Brasil encontra-se na lista dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Se a sua empresa pondera exportar carne do Brasil, então tome nota de alguns aspetos importantes para assegurar o sucesso da operação.

Exportar carne do Brasil: o que dizem os dados?

Apesar do aumento das preocupações ecológicas e da crescente adoção do vegetarianismo, a procura, nos mercados externos, pela carne de origem brasileira tem aumentado.

De acordo com os últimos registos oficiais, desde janeiro até outubro de 2022, as exportações de carne bovina do Brasil totalizaram 1,9 mil milhões de toneladas — um crescimento de 23%, em comparação com o período homólogo. Ao nível da faturação, as exportações de carne atingiram um volume de 11,3 mil milhões de dólares, traduzindo-se num aumento de 42%, relativamente ao ano passado.

Com efeito, a carne brasileira chega hoje a mais de 150 países. Segundo o relatório anual da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) – o Beef Report 2022 –, a economia brasileira canaliza 25% da sua produção anual de carne bovina para a exportação, sendo que:

  • 81,7% das exportações referem-se à carne bovina in natura. Nesta categoria de produtos, o mercado chinês é o principal cliente, com uma quota de 64,7%;
  • 11,2% das exportações correspondem a carne bovina industrializada. Neste segmento, os EUA são o principal cliente do Brasil, com uma quota de 58,1%. Segue-se o Reino Unido (19,5%);
  • 6,5% das exportações associam-se aos miúdos de carne bovina. Hong Kong é o principal mercado de destino desta tipologia de produtos, com uma quota de 69,7%.

Aspetos a acautelar ao exportar carne do Brasil para o mundo

Alguns dos cuidados que as empresas devem ter em conta para exportar carne do Brasil incluem, a saber:

  • Identificar o mercado externo;
  • Definir a melhor estratégia de entrada;
  • Encontrar os parceiros comerciais mais adequados;
  • Obter um conhecimento profundo dos requisitos necessários para a exportação.

Esteja atento às oportunidades e às novas tendências

A seleção do mercado para exportar carne do Brasil deverá, certamente, contemplar as novas tendências de consumo e as eventuais oportunidades de negócio.

Uma análise conduzida pelo Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne) perspetiva uma quebra do consumo nos países desenvolvidos — especialmente nos EUA e na Europa —, devido a três fatores, a saber:

  • Preço elevado;
  • Impacto no meio ambiente;
  • Efeitos na saúde.

Por outro lado, a China e os países do sudeste asiático deverão registar um crescimento do consumo de carne bovina per capita.

Todavia, mesmo nos mercados em que se antevê uma queda do consumo de carne, surgem oportunidades a aproveitar. No caso da União Europeia, por exemplo, a quota Hilton para as exportações de carne bovina de alta qualidade do Brasil não tem sido utilizada na sua totalidade.

Recorde-se que esta quota define, então, um limite nas exportações para a UE de carne bovina de excelência (e com requisitos específicos), provenientes de diversos países. Portanto, ao abrigo da quota Hilton, os exportadores beneficiam de uma redução de 20% na tarifa cobrada pelas entidades europeias.

Informe-se sobre as barreiras tarifárias, as certificações e os requisitos necessários para exportar carne do Brasil

Existem algumas condições gerais a cumprir por todas as empresas que ambicionem exportar produtos de origem animal. Estas organizações têm de obter o registo do estabelecimento junto do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Este atesta, assim, a regularidade sanitária, técnica e legal das instalações e das etapas do processo de produção.

Além disso, as corporações deverão ainda solicitar a habilitação para exportar para mercados com exigências específicas, no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do MAPA.

Por fim, é importante lembrar que cada país importador define as suas regras específicas na importação de carne do Brasil. Nesse sentido, as empresas exportadoras deverão informar-se previamente sobre todas as barreiras tarifárias e não tarifárias — como a habilitação prévia dos frigoríficos para o transporte de carne.

Se pondera exportar carne do Brasil, não se esqueça: o mercado de produção e de exportação deste produto é, sem dúvida, especialmente exigente na monitorização e no cumprimento das normas sanitárias.

Encontre o parceiro ideal no mercado de destino

Após a escolha do mercado externo a explorar, é vital definir uma estratégia para entrar nele e conseguir exportar carne do Brasil. Nesse sentido, tipicamente, existem quatro canais de escoamento:

  • Distribuidores;
  • Restaurantes e hotelaria;
  • Talhos e supermercados;
  • Indústria alimentar.

Neste campo, o principal ponto de escoamento é, sem dúvida, o dos distribuidores. Segundo o estudo do mercado da carne bovina, elaborado pela Embaixada do Brasil em Lisboa:

O produtor brasileiro e exportador de carne bovina deverá recorrer a importadores e distribuidores qualificados, com canais de distribuição viáveis e com potencial para a carne de qualidade produzida no Brasil.”

Aliás, para facilitar esta tarefa, pode consultar a lista de parceiros comerciais da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

Selecione um parceiro logístico de confiança

Tendo em consideração a natureza peculiar e frágil dos bens alimentares, as operações de exportação de carne estão sujeitas a rigorosos processos de controlo sanitário e a exigentes certificações, para evitar a contaminação e garantir a segurança, a conformidade e a integridade dos produtos.

É, pois, fundamental contar com o apoio de parceiros logísticos especializados no transporte e no armazenamento de bens perecíveis, com experiência no despacho e no desalfandegamento destes produtos alimentares. Critérios como a monitorização e o controlo da temperatura, desde o momento da carga até ao descarregamento no destino, revelam-se, assim, cruciais para evitar quebras da cadeia de frio.

Note: os processos logísticos necessários para exportar carne do Brasil podem, então, variar consoante o mercado em questão. Por exemplo, enquanto a China importa do Brasil sobretudo carne bovina in natura, para os EUA a carne exportada é industrializada. Portanto, estas especificidades podem implicar requisitos e procedimentos logísticos distintos.

Nesse sentido, se a sua empresa ambiciona exportar carne do Brasil e procura um parceiro logístico de confiança e com experiência nos mercados internacionais, contacte-nos. O grupo Rangel está presente no Brasil – conta com uma delegação em São Paulo – e apresenta um conjunto de soluções logísticas especializadas, para assegurar o acompanhamento das operações de exportação até ao mercado de destino.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Embaixada do Brasil em Lisboa, “Série Estudos de Mercado – Carne bovina”. Acedido a 10 de novembro de 2022.
http://www.investexportbrasil.gov.br/sites/default/files/estudos-de-mercado-carne-bovina-portugal.pdf
Forbes, “Exportação de carne bovina do Brasil avança 23% até outubro”. Acedido a 10 de novembro de 2022.
https://forbes.com.br/
ABIEC, “Beef Report 2022”. Acedido a 10 de novembro de 2022.
https://www.abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2022/
Poder 360, “Brasil é líder na exportação de carne bovina para os EUA”. Acedido a 10 de novembro de 2022.
https://www.poder360.com.br/
Brasil 61, “Carne bovina e soja movimentam o mercado de exportação do Brasil em 2022”. Acedido a 10 de novembro de 2022.
https://brasil61.com/

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